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Presente Divino by Dawn Rosewood

Capítulo 51
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Capitulo Cinquenta e Um Trés dias.

Fazia trés dias desde que Myra havia morrido... e eusentia suspensa no tempo, sem saber o que fazer a seguir.

Depois daquela noite, cheguei em casa e fui direto para o chuveiro. O processo demorou um pouco, pois precisei tirar todas as roupas que estavam grudadas em mim; sua condigao nao é mais recuperavel e precisaria ser jogada fora.

Eu estava embaixo do chuveiro e assisti enquanto a agua quente ficava vermelha ao meu redor, lavando todas as evidéncias do que eu tinha feito. Mas nao foi o suficiente. Mesmo quando a dgua comegou a ficar clara, comecei a esfregar meu corpo. Esfreguei... e esfreguei... e esfreguei... até minha carne ficar quase tao vermelha quanto a agua.

Mas mesmo assim, eu ainda podia vé-lo. Eu ainda podia sentir.

Nao tinha sido suficiente.

*Eu* ndo tinha sido suficiente.

Por trés dias, eu nao fiz nada além de ficar deitada na cama, mal comendo oumovendo. Era tudo que eu podia fazer.

Meus pais tentaram falar comigo, mas eu nao sabia o que dizer. Eu nem tinha coragem de mentir e fazé-los se sentirem seguros como eu poderia ter feito normalmente. Por dentro, eu havia perdido todo o senso de motivagdo para continuar.

Desde que voltei, eu estava trabalhando tdo duro paramanter vivo, para impedir qualquer desgraga iminente que ainda estava por acontecer, mas eu estava tédo focado emsalvar que agora sacrifiquei outra pessoa por essa causa.

E Thea? Bem, se isso era um jogo de xadrez, entdo eu sentia que tinha acabado de perder uma das minhas pecas mais importantes. Todo esse tempo eu pensei que Thea estava jogando como um rei, governando nos bastidores e mantendo a seguranga. Mas eu estava errado. Assim como suas ambigdes na vida, parecia que Thea estava realmente jogando como uma rainha; capaz de se ajustar e mudar dependendo da situagéo... e capaz de ir além para atacar ou matar, se necessario.

Afastei os pensamentos instantaneamente,sentindo mal comigo mesma. Léa estava eu indo de novo...

pensando nos outros como pegas do meu jogo de sobrevivéncia. Foi exatamente assim que consegui matar Myra. Ela até apontou para mim como eu estava agindo tao egoista e ainda, nem dez minutos depois, eu a enviei para morrer por mim. E ela fez issoum sorriso no rosto, feliz por estarajudando.

Em volta do meu pescogo, eu podia sentir distintamente o peso do colar de Myra, agora pesadoa culpa que eu carregava. As vezes eu sentia que issoimpedia de respirar como se fosseesmagar lentamente, mas era sempre apenas ha minha cabeca. As vezes fiquei desapontado quando percebi esse fato.

E assim, pela milésima vez naquele dia, tracei meus dedos ao longo da pedra embutida na corrente, consumido em meus préprios pensamentos, assim como eu tinha sido todos os dias que se passaram desde a morte dela.

Tao focado na minha cabega que quase nem percebi o som de batidas vindo da porta do quarto.

Mas naovirei para ver quem era. Nao havia sentido. Eram meus pais ou Lucy, ja que todo mundo tinha sido informado de que eu nao estava recebendo visitas.

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“Senhorita?” Lucia.

Fiquei imdvel, olhando para o teto, e esperei que eladissesse o que quer que ela tivesse vindo dizer.

Capitulo Foily Um “Senhorita, vocé teve outro visitante hoje.” Isso ndo era incomum. Aparentemente, Aleric apareceu ontem para fazer o check-in, mas minha mae explicou que eu ainda nao estava bem. Varias outras pessoas também vieram nos ultimos dias, seja por preocupagao ou para fazer mais perguntas, mas a todos eles foram convidados a gentilmentedar algum espaco.

Eu ndo tinha certeza por que Lucy ainda estava se incomodando emdizer.

“Era um menino,” ela continuou. “Seu nera... Caio? Aquele herdeiro Alfa do bando Silver Lake.” Eu congelei ao som de seu nome.

Cai.

Eu o estava evitando deliberadamente esse tempo todo porque nao sabia como enfrenta-lo.

Ele sabia o que eu tinha feito? Ele tinha ouvido falar da morte de Myra? “...0 que ele disse?” Eu perguntei calmamente.

“Oh... hum,” Lucy comegou, provavelmente surpresa que eu estava realmente parecendo interessada pela primeira vez. “Ele disse que queria checar vocé. Desculpas, ndo havia nenhuma mensagem real além disso.” N6s trabalhamos téo duro para salvar Myra , quase morrendo nesse processo, e ainda assim eu de alguma forma consegui mata-la de qualquer maneira. Eleodiava agora? Mas nao, eu sabia que provavelmente néo era o caso. Eu duvidava muito que alguém tivesse dito a ele que a culpa era minha, jé& que todos ainda tinham a impressao de que esses eram os bandidos. Nao havia provas concretas que sugerissem que Thea estivesse envolvida... e ninguém sabia que Thea e eu estdvamos ligados.

Forceia sentar, minha cabega latejandoo movimento repentino.

“Senhorita...?” Lucy perguntou, surpresa. “Vocé esta se levantando? Vocé queria alguma coisa?” Mas eu a ignorei, jogando minhas pernas para o lado da cama, e belisquei a ponta do meu nariz. Eu estava precisando de um segundo paraconcentrar em acalmar a confusdo dentro da minha mente.

“Por favor,dé algo para vestir, Lucy... eu vou sair.” Ela hesitou por um momento em choque antes de correr rapidamente para o guarda-roupa para fazer o que eu pedi.

Eu sabia que alguém precisava contar a verdade a Cai. Ele era seu amigo também, afinal. Se fosse eu, gostaria de saber .

Depois de apenas uma hora, encontreido lado de fora da porta de onde Cai estava hospedado. Eu perguntei sobre qual casa ele estava ocupando no escritéadministrativo que supervisionava as residéncias de héspedes. Dada a minha posicéo, eles felizmente deram a informagé&o rapidamente.

No entanto, eu estava olhando para a porta da frente por cinco minutos e ainda nao tinha coragem de bater. Eu estava cometendo um erro? Devo ir embora e fingir que nunca estive 1&4? Nao, ele seria capaz de cheirar que eu estive aqui. Eu estava do lado de fora por tanto tempo agora que eu tinha certeza de que ele saberia que eu viria vé-lo, independentemente do que eu decidisse fazer a seguir.

Respirei fundo e fui bater... mas a porta se abriu antes que eu pudesse fazer contato.

Cai estava do outro lado, parecendo atordoado aover. Pude ver que seus olhos tinham leves tracos de olheiras e sé pude supor que isso se devia a noticia da morte de Myra.

— Achei que fosse vocé — disse ele. “Era isso ou eu tinha enlouquecido sendo capaz de sentir seu cheiro nos dltimos minutos. Vocé realmente esteve Ia o tempo todo?” Sempre tentando fazer a luz de uma situagdo. Mesmo em um momento como este.

Capitulo Cinquenta e Um Mas quando encontrei seus olhos, sé pude sentir que tinha cometido um erro ao vir aqui.

Eu senti que nao estava pronta para enfrenta-lo ainda e meu corpo comegou a tremer, lagrimas comegando a encher meus olhos.

“Sinto muito, Cai,” eu sussurrei, virando meu rosto quando eu nao conseguia mais olhar para ele. “Eu sinto Muito. Foi minha culpa.” “Aria?” Ele imediatamente percebeu que eu ndo estava bem e correu para frente, tentandoconfortar. Levou alguns momentos antes que ele finalmente falasse novamente.

“Vamos. Entre e sente-se,” ele disse, gentilmente pegando minha mao paraguiar pela porta. Entdo podemos conversar sobre o que quer que vocé esteja falando.” Entrei na casinha que consistia em um quarto, sala, banheiro e uma pequena area de cozinha. As casas de héspedes eram propositadamente independentes, ja que tinhamos os meios e o orcamento para oferecer isso dentro da Névoa de Inverno.

Ele caminhou pelo corredor esentou no sofé, jogando um cobertor em volta dos meus ombros e interpretou mal o meu tremor.

“Tudo bem, fale comigo”, disse ele, sentando-se ao meu lado.

Demorou um pouco antes que eu pudesse confiar na minha voz o suficiente para néo vacilar completamente.

desculpe...desculpe por Myra,” eu disse, lagrimas caindo pelo meu rosto. “Eu néo pude salva-la desta vez. Eu nao podia... eu a mandei fazer alguma coisa e ela foi morta por causa disso. Por minha causa. Porque eu estupidamente a deixei chegar perto dela.

Ele ficou em silénpor alguns segundos , tentando processar o que eu tinha acabado de dizer, antes de finalmente falar.

“...Vocé esté dizendo que Myra n&o foi morta pelos bandidos? Eu balancei minha cabecga. “N&o... talvez... eu nado sei. Era uma garota chamada Thea. Provavelmente trabalhandoos bandidos, pelo que sei. Mas ninguém acredita em mim. Ninguém acredita em mim que definitivamente era ela. E eu sabia que Thea era suspeito e ainda deixei Myra ir falarela. E tudo culpa minha, Cai... sinto muito.

Ele pausou novamente, claramente ainda muito confuso. “... Vocé sabia que ela era tao perigosa? Que ela possa machucar fisicamente Myra? Assitiu. “N&o... mas 1-," “Enté&o nao é sua culpa,” ele disse claramente. Como se isso fosse suficiente para tornar tudo melhor.

“Mas, Cai, eu estava—,” “Aria,” ele disse em um tom agora sério,interrompendo mais uma vez. Ele descansou a mao na minha bochecha parafazer encontrar seus olhos. “Seu. No. Sua. Culpa.” Eu podia sentir como uma parte de mim quebrousuas palavras, solugossuperando enquanto eu cedia a minha dor. Elepuxou para o seu lado €segurou enquanto eu chorava contra seu peito. Eu podia sentir como sua presencga reconfortante tentavaacalmar por dentro enquantopermitia tiréd-lo do meu sistema.

Eu néo tinha certeza de quanto tempo ficamos assim, mas logo pude sentir que comegava aacalmar por dentro mais uma vez; a dorméncia comegando a congelar de volta confoos segundos passavam. Era uma sensagao agora familiara qual eu estavaacostumando. Algo que parecia melhor do que a dor, pelo menos.

Mas, quando minha mente comegou a clarear, fiquei dolorosamente ciente do fato de que Cai e eu ainda estdvamos nos tocando.

Ele estava quente... mais quente do que qualquer coisa que eu senti nos Gltimos trés dias. Trés dias em que por dentro eu estava desprovida de qualquer coisa que parecesse viva. E assim, enquanto eu olhava para seus incriveis olhos dourados que sempre queimavam como Capitulo Cinquenta e Um minéderretido, uma parte de mim comegou a se perguntar se havia uma alternativa para esse estado de torpor.

Porque ele estava perto. Tao perto. Perto o suficiente para que eu pudesse ver cada linha e detalhe em seu rosto... seus olhos... sua bochecha... seus labios.

Perto o suficiente para que eu pudesse sentir sua respiragao enquanto meu propcorpo gravitava em diregao a ele, sendo atraidoa promessa de sentir algo diferente desse pesadelo interno congelado. Que se eu apenas estendesse a m&o e o agarrasse, seria preenchidoalgo impossivel de dar vida de volta a mim.

Eu parei bem quando nossos rostos estavam a apenas uma polegada de distancia, bem a beira de ser capaz de parar ali sem consequéncias... e logo antes de eu decididamente ir contra o meu melhor julgamento...

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hesitantemente trouxe meus labios para encontrar os dele suavemente de qualquer maneira.

Por dentro, eu podia sentir o aliimediato de formigamento ao contato, correndo pelo meu estémago em diregao ao meu nucleo. Era algo diferente. Algo novo. Algo que eu nunca tinha experimentado antes ainda era algo que eu podia sentircomegando a desejar.

Eu sabia que ele podia sentir minha incerteza aodeixar liderar; meu propconflito instavel dentro de mim tendo que tomar um momento para absorver a nova sensagéao, de aprender como ele se sentia contra mim. Como seus labios eram tdo quentes quanto suas maos... maos que estavam comegando a pressionar tao suavemente em minhas costas e cintura quando eletrouxe para mais perto.

Eu respondi na mesma moeda, aprofundando o beijo, agora precisando de mais. Eu precisava daquelas faiscas...

daquela chama... daquele fogo furioso que talvez pudessefazer sentir viva novamente.

E enquanto eu gentilmente estendi a mao para ele, eu pude sentir como eu poderia ficar viciada nisso tao facilmente. Como, quando movi minha méao lentamente contra seu peito, pude sentir seu coracao acelerado sob minha palma. Uma reagdo quefez perceber que a minha estava retribuindo da mesma maneira.

Ele imediatamente sentiu a mudanga no meu corpo, tomando meu movimento mais confiante como confirmagao de que eu queria isso também, e segurou meu rosto em uma de suas maos, trazendo seu calor para mais perto do meu corpo enquanto eleaproximava.

Era tdo diferente de tudo que eu tinha experimentado antes. No passadoAleric, seu toque nunca foi amoroso e nosso tempo sozinho sempre foi extremamente clinico. Nao havia necessidade de intimidade real, ja que, afinal, ele estava apenas cumprindo o dever de produzir um herdeiro. Minhas necessidades nunca entraram em mim Mas naquela época, meu Unico prazer durante esses momentosAleric foram as faiscas artificiais forcadas por um vinculo de companheiro. E, no entanto, isso era algo completamente diferente. Nao parecia involuntaou pressionado... parecia real.

as maos trémulas, entdo passei meus dedos por seu cabelo castanho escuro, precisando de mais do que quer que fosse. Precisando mais dele. E, enquanto eu fazia isso, euperguntava... se euentregasse a ele completamente naquele momento, eledevoraria naquele calor dele... ousalvaria em vez disso? ‘Nenhum deles’, o velho eu sussurrou baixinho para dentro. — Vocé é um veneno para ele. N6s somos veneno.

O choque das palavras repentinas na minha cabecaforcou aafastar,deixandoos olhos arregalados para Cai ha minha frente.

“Toda vez que damos nosso amor a alguém, sé deixa sofrimento em seu rastro”, continuou ela.

“ ... Aria ? — Cai perguntou baixinho, sentindo minha mudanca abrupta.

— Fizemos um juramento — disse ela. “Quando nossa cabeca estava prestes a cair naquele toco diante da espada, declaramos que o Unico erro que cometemos foi amar alguém. A morte de Myra foi resultado de cometer 0 mesmo erro mais uma vez.

Instantaneamentesenti doente e percebi que agora estava colocando Cai em perigo para minhas préprias necessidades.

“Eu nao posso...”, comecei a dizer em voz alta, mas nao tinha certeza de como formar as palavras.

“...Vocé estdbem ?_ O que ha de errado?” A expressao de Cai havia mudado. Ele olhou para mimafligdo, mas mal registrado em minha mente.

Eu balancei minha cabeca, tremendo tentandolevantar. Ele tentoualcangar, mas euafastei e levantei minhas maos em um gesto defensivo para dizer que ele deveria manter distancia, “Eu nao deveria estar aqui. Eu ndo posso estar aqui,” eu disse, “eu preciso ir.” “Aria, espere, fale comigo. E algo que eu fiz?" “N&o... Ngo... eu so. Isso... isso nao esta certo. Eu cometi um erro,” eu consegui dizer desarticuladamente.

Comecei a andar em diregao a porta da frente, sem realmente ver nada na minha frente, mas suas palavraspararam quando estendi a m&o para a maganeta.

“...Isso é por causa de Myra? Porque vocé ainda esté se culpando pela morte dela? Porque vocé nao sente que merece ficar bem?” Senti meu coragéo disparar dentro do peito.

“... Porque isso nao foi culpa sua, Aria,” ele continuou. “Vocé precisa parar de pensar que foi. A morte de Myra néo esta em suas maos.

Eu queria voltar e olhar para ele, mas sabia que se o fizesse, seria muito dificil sair. E entao falei baixinho para a porta, quase como se estivesse dizendo isso para mim mesma “... Vocé nao sabe nada sobre mim, Cai.” E eu sai sem esperar nem um segundo a mais.